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7 pintores cristãos contemporâneos que você precisa conhecer

Reflectum
6 min readAug 15, 2021

Escolhemos artistas visuais justamente porque essa linguagem não é muito explorada entre os cristãos brasileiros. Como diria Tiago Cavaco, autor de “Cuidado com o Alemão: Três dentadas que Martinho Lutero dá à nossa época”, nós protestantes somos desconfiados quanto a imagens e nos focamos no discurso. Mas isso não significa que não podemos produzir pinturas, esculturas, fotografias, gravuras, desenhos, colagens ou vídeos que glorifiquem a Deus!

A palavra “contemporâneo” neste subtítulo tem o sentido de “o que é deste tempo”, isto é, atual. Nem toda arte feita hoje pode ser considerada como “arte contemporânea”, segundo a socióloga Nathalie Heinich que considera “clássico”, “moderno” e contemporâneo” como gêneros artísticos não cronológicos. Assim, quando dizemos que esses três artistas são contemporâneos, não estamos falando do estilo. Vamos seguir essa colocação da Heinich para compreendermos melhor as diferenças entre cada um deles.

Makoto Fujimura 1960, EUA

“Charis-Kairos” ou “The Tears of Christ”. Pigmentos minerais e ouro s/ linho belga, 2011. Parte da série “Four Holy Gospels”

Americano de ascendência japonesa, prefere se apresentar como um artista que segue a Jesus ao invés de usar “artista cristão” como um rótulo.

Estudou a pintura tradicional japonesa em seu doutorado em Tóquio e hoje trabalha com o abstracionismo, explorando diversos materiais além de tintas em suas telas. Aos 32 anos, se tornou o artista mais jovem a ter uma peça adquirida pelo Museu de Arte Contemporânea de Tóquio. Foi consultor na produção do filme “Silence” (2016) de Scorsese, já fez diversas exibições individuais em galerias pelos EUA e é professor no Centro Brehm de Artes do seminário Fuller, na Califórnia.

Makoto é também autor dos livros “Refractions: a journey of faith, art and culture” (2009), “Culture Care: Reconnecting with beauty for our common life” (2014), “Silence and Beauty: Hidden faith born of suffering” (2016) e o recém lançado “Faith + Art: a theology of making”. Infelizmente, seus livros ainda não foram traduzidos para o português (vamos orando!).

Site oficial

Kelly Kruse 1985, EUA

“Pneuma: the generative power in the temple of the body” e “Soma: The embodied soul and the battleground”, 2020. Tinta acrílica, pó de mármore e folha de ouro s/ linho bélgico. Parte da série “The Immortal Human Soul”.

Pintora e fotógrafa americana, Kelly define seu trabalho como Iluminuras Contemporâneas, que inspiram a contemplação espiritual através da arte.

Formada em canto clássico, Kelly realizou parte de seus estudos na Itália, onde se encontrou com o trabalho de Iluminuras dos monges medievais. Ela explora o belo e a dor na experiência humana na intersecção entre artes visuais, poesia, música clássica e teologia.

Ela já realizou diversas exibições individuais e possui trabalhos em mostras permanentes.

Você pode conhecer mais o processo dela nesse vídeo (inglês).

Site oficial

Jean-Marie Pirot (Arcabas) 1926–2018, França

Herodes, Caiaphas and Pilatus”, 1986. Óleo s/ tela.

Arcabas foi um artista sacro católico e suas principais obras tinham função litúrgica. Além da pintura, trabalhou também com escultura, entalhamento, tapeçaria e mosaicos.

Ele pintava passagens bíblicas, tendo feito várias obras para instituições religiosas. Seu principal trabalho é a decoração interior da igreja de Saint-Hugues-de-Chartreuse (mais de 100 obras feitas num período de 35 anos) na região de Isère, na França, mas seu trabalho está espalhado por diversos países, tanto na Europa quanto na América do Norte. Foi também professor e chefe do ateliê de pintura na École des Beaux-Arts de Grenoble, além de trabalhar como figurinista e cenógrafo no teatro canadense, país onde recebeu reconhecimento oficial do governo.

Site oficial

Emmanuel (Manny) Garibay 1962, Filipinas

Quadro “Alok” (2012) de Emmanuel (Manny) Garibay
“Alok”, 2012. Óleo s/ tela.

Seu trabalho é considerado por alguns como Realismo Social, o próprio artista se diz “atraído pela riqueza do pobre”. Seus quadros mostram pessoas comuns em cenas políticas, religiosas ou sociais de certa complexidade, apresentando questões sobre justiça e verdade de forma bem colorida. Manny Garibay traz sempre críticas sociais em seus trabalhos e, algumas vezes, essa crítica recai sobre a Igreja e sua complacência com situações de injustiça e corrupção.

Formado em Belas Artes pela Universidade das Filipinas, fez uma residência artística no OMSC — Princeton Theological Seminar em 2011, mesmo ano em que publicou Where God Is: The Paintings of Emmanuel Garibay. Recebeu vários prêmios, inclusive na Bienal del Baloncestoen Bellas Arte, em Madri. Já realizou exposições individuais em vários países e foi presidente da Associação de Arte Asiática Cristã.

Wayne Forte 1950, Filipinas

“Take the log out first”, 2010. Óleo e acrílica s/ tela.

Nascido nas Filipinas, de origem irlandesa, casado no Brasil, Forte viveu grande parte da sua carreira nos EUA. Este artista sempre se sentiu atraído pelo transcendental que encontrava nas obras de Rembrandt, Caravaggio e Rubens e, após sua conversão aos 28 de idade, passou a experimentar com temas espirituais em sua arte.

Ele é membro do CIVA (Cristãos nas Artes Visuais) há quinze anos e participou do Florence Portfolio Project em 1993. Ele também ministrou cursos na Biola University, Califórnia, e Gordon College, Itália.

Ser um pintor religioso na era secular pode parecer, pelo menos para alguns, anacrônico e estreito. Paradoxalmente, descobri que isso satisfaz meu desejo de retratar apaixonadamente o espiritual enquanto transcendo o egocentrismo do Modernismo. — Wayne Forte

Site oficial e documentário (em inglês)

Safet Zec 1943, Bósnia

“Abraccio”, 2014. Tempera e colagem s/ tela.

Nascido na Bósnia, Zec começou sua carreira em sua terra natal, na Escola de Artes Aplicadas de Saravejo e na Academia de Belas Artes de Belgrade. Porém, em 1992, com o início da guerra, foi para a Itália como refugiado. Seus primeiros trabalhos foram perdidos e o artista recriou muitas de suas telas posteriormente.

Seu estilo, conhecido como Realismo Poético, releva muito de seu sofrimento em vida e de seu trauma pessoal com a guerra, ao mesmo tempo que transmitem uma beleza silenciosa. Zec já expos seus trabalhos em galerias ao redor do mundo. Em 2007, foi premiado com a Ordem das Artes e da Literatura da França.

Site oficial

Jorge Cocco Santángelo 1936, Argentina

“Parábola das Dez Virgens”, 2016. Óleo s/ tela.

Artista autodidata, Santángelo começou a pintar ainda na infância e alcançou carreira internacional. Hoje possui trabalhos em museus nos EUA, Japão, México, França e Espanha. É também professor de história da arte,já deu aula em diferentes universidades argentinas e escreveu livros didáticos. Apesar da pintura ser sua principal linguagem, ele também experimenta com Washi Zokei (papel artesanal).

Santángelo chama seu estilo específico de “sacrocubismo”, porque ele usa a natureza abstrata do movimento pós-cubista para ajudar os espectadores a se concentrarem nos aspectos espirituais mais essenciais da pintura.

(O cubismo, um movimento artístico inspirado por outros artistas abstratos como Picasso e Braque, retrata objetos e cenas de ângulos diferentes, em vez de usar uma perspectiva definida e formas realistas.)

Site oficial

Leia também: A vocação do artista

Quais são as suas recomendações? Vamos adorar conhecer outros artistas. Compartilhe nos comentários!

Reflexões sobre arte, cultura e teologia. Pensando a prática e a pesquisa em arte dentro de uma cosmovisão cristã.

“Rogo-vos pois [artistas] que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, esta é a [sua obra de arte]. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente…” Rm 12:1–2

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